Valdir Cobalchini
Nasceu em São Lourenço do Oeste e é formado em Direito. Foi secretário Desenvolvimento Regional de Caçador e secretário de Coordenação e Articulação (Casa Civil), no governo de Luiz Henrique da Silveira. Nas eleições de 2010, foi o deputado com a maior votação entre os candidatos de seu partido, o PMDB. Entretanto, deixou o assento no Legislativo para assumir o cargo de secretário da Infraestrutura, em janeiro de 2011. Cobalchini recebeu a reportagem da ADI-SC/Central de Diários/CNR-SC em seu gabinete para falar um pouco sobre o trabalho que vem realizando.
"Não ficamos aqui nos lamentando, “ah, não tem recursos, e agora o que vamos fazer? Só dizer “não” às demandas seria muito cômodo, mas optamos por buscar alternativas."
[PeloEstado] - A Secretaria de Infraestrutura está hoje muito maior do que no início desse governo?
Valdir Cobalchini - Quando assumimos a secretaria, fizemos o óbvio: um diagnóstico da situação da nossa malha viária, identificando os problemas e buscando soluções. Radiografamos 100% das rodovias e fizemos um projeto de revitalização. Ao mesmo tempo, também buscamos saber o porquê de tantos acidentes, que colocam Santa Catarina, proporcionalmente, entre os mais violentos estados do Brasil.
[PE] - Levantamento feito pelo Batalhão de Polícia Militar Rodoviária.
VC - Isso mesmo. Com esse trabalho, identificamos os chamados pontos críticos, onde ocorrem mais acidentes. A partir daí, elaboramos um programa para correção desses pontos a fim de evitar a repetição de acidentes. Também fomos ver onde estavam os gargalos, rodovias construídas há várias décadas e que não receberam mais investimentos. Algumas não têm acostamentos ou pontos de escape, outras têm curvas ou declives muito acentuados e outras, ainda, ficaram espremidas pelo crescimento urbano às suas margens, gerando graves problemas de mobilidade. Esse novo estudo nos deu condições para construir projetos em busca de rodovias mais modernas, mais estruturantes e seguras.
[PE] - E os recursos?
VC - Cada passo foi acompanhado pela busca de recursos. Começamos com o programa BID IV (Banco Interamericano de Desenvolvimento). No ano passado, conseguimos que o Ministério do Planejamento priorizasse o BID IV, autorizasse e encaminhasse para a STN (Secretaria do Tesouro Nacional). Paralelamente, trabalhamos numa outra frente, no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para a revitalização das rodovias e iluminação dos pontos críticos.
[PE] - O senhor está se referindo basicamente às rodovias. O que foi feito nas demais áreas?
VC - Buscamos aproximar os portos da Secretaria, porque estão entre as competências da pasta e não estavam presentes na nossa agenda diária. Agora nos aproximamos de todos os portos, inclusive dos privados. Porque é difícil para a autoridade portuária tratar diretamente com a SEP (Secretaria de Portos), com a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) ou com autoridades federais, lá em Brasília. A Secretaria tem essa representação institucional e deve apoiar. Os portos são muito importantes para o estado. Agora estamos na fase de projetos para que os portos também estejam inseridos nos investimentos do Estado, e não só da SEP, como vinha acontecendo.
[PE] - Aeroportos também estão na pauta?
VC - Da mesma forma, buscamos nos aproximar dos aeroportos. Construímos os aeroportos de Jaguaruna, de Lages, de São Joaquim. Mas agora estamos envolvidos num planejamento que envolve os aeroportos regionais, trabalhando cenários futuros. E estamos fazendo algo inédito. O Estado tem a delegação da Secretaria de Aviação Civil (SAC) da Presidência da República para a gestão dos aeroportos. Nós subdelegamos essa gestão aos municípios. E agora há um modelo novo, que a SAC inaugurou com Santa Catarina. São os primeiros dois convênios do Brasil que abrem a possibilidade de o Estado terceirizar a gestão, o que vai acontecer já em Jaguaruna e em Correia Pinto.
[PE] - O movimento econômico das regiões é considerado em cada ação?
VC - Sim. Temos que entender que a economia está mais dinâmica, que há um modal importante para o desenvolvimento regional. Por isso, estamos investindo pesadamente nos aeroportos. Exemplo é o aeroporto de Chapecó, que passou por obras essenciais, o que exigiu seu fechamento por 70 dias e toda aquela região se ressentiu. Queremos nos antecipar aos problemas. Estamos planejando a construção de um novo terminal e de um novo acesso, obras que vão colocar o aeroporto de Chapecó como um dos mais importantes não só de Santa Catarina, mas do Sul do Brasil. Consolidamos uma aproximação com a Infraero, com a SAC, com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Nós recebíamos aqui notificações, mas não conversávamos com os órgãos de controle. Hoje o ambiente é de diálogo permanente não só com esses órgãos, mas com o DNIT, com os ministérios dos Transportes, das Cidades, do Turismo. Inauguramos uma relação diferente do governo estadual com o governo federal. E sempre com a participação do Fórum Parlamentar Catarinense.
[PE] - Por que o destaque ao Fórum Parlamentar?
VC - Nós temos procurado envolver sempre os nossos senadores e deputados federais. Isso nos levou a conquistar várias emendas para a Secretaria de Infraestrutura dentro do Orçamento da União para 2012. Além de desonerar o Estado, isso aumenta a nossa capacidade de investimento. É um trabalho que vamos intensificar.
[PE] - A Secretaria cresceu em volume de atividades. O orçamento acompanhou?
VC - O orçamento da Secretaria de Infraestrutura, com recursos do Estado, é de R$ 300 milhões. Com o trabalho de captação de recursos em diferentes fontes, conseguimos quase que quadruplicar nossa capacidade de investimento. O que nós fizemos foi potencializar o nosso orçamento. O Estado vai ter muita dificuldade, seja para a Infraestrutura ou qualquer outra secretaria, se contar unicamente com a fonte 100, que é o Tesouro do Estado. Nós buscamos alternativas à fonte 100. Não ficamos aqui nos lamentando, “ah, não tem recursos, e agora o que vamos fazer?”. Só dizer “não” às demandas seria muito cômodo, mas optamos por buscar alternativas, como usar a Lei Rouanet para captar recursos para a recuperação da ponte Hercílio Luz, em Florianópolis. Muitos duvidaram que seria possível, mas conseguimos e agora estamos buscando a participação de grandes empresas, estatais e privadas, para compor o recurso necessário para a restauração.
[PE] - Quando a população começa a perceber essas ações?
VC - Já temos obras em andamento e existem muitas outras sendo licitadas. Há algumas começando ainda em 2012. Aliás, 2012, 2013 e 2014 serão anos de intensa atividade, de muitas obras. E aqui entra uma preocupação. Nós estamos, fisicamente, em Florianópolis, mas temos que ter a capacidade de ver além, de enxergar os extremos do nosso estado e identificar quais são as ações importantes para o desenvolvimento de Santa Catarina. O estado tem que ter um crescimento harmonioso. É preciso potencializar alguns investimentos, em algumas regiões mais deprimidas economicamente para que possam ascender e, com isso, melhorar a vida local, contribuindo para o todo do estado. Temos índices de primeiro mundo em algumas áreas e em algumas regiões, mas, infelizmente, também ainda temos índices comparáveis aos estados do nordeste. Quem está aqui, sentado numa cadeira de secretário de Estado, tem que levar isso muito a sério. Tem que ter esse foco.
Por Andréa Leonora
Florianópolis, 10 de setembro de 2012
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