Nanotecnologia da
madeira pode
revolucionar o mundo
O artigo preparado para hoje era outro, falava sobre a
campanha eleitoral e as promessas. Mas navegando pela internet me deparei com
este artigo do Luis Nassif OnLine, postado originalmente no Inovação
Tecnológica, com informações da revista New Scientist.
O artigo me chamou a atenção porque mais de 50% da economia de Caçador e região tem base na madeira, a mesma responsável pela próxima revolução industrial de acordo com o artigo a seguir.
O artigo me chamou a atenção porque mais de 50% da economia de Caçador e região tem base na madeira, a mesma responsável pela próxima revolução industrial de acordo com o artigo a seguir.
A nanocelulose vem inteiramente da madeira, mas não depende necessariamente do corte de árvores. [Imagem: Jeff Youngblood/Purdue] |
Imagine um material leve,
transparente, oito vezes mais forte que o aço inoxidável e com um mercado
estimado em US$600 bilhões em 2020. Não, não estamos falando do grafeno, nem de
ligas metálicas especiais e muito menos de compósitos da indústria
aeroespacial. A nova estrela do mundo dos materiais e da nanotecnologia tem,
por assim dizer, uma origem simples: ela vem inteiramente da madeira.
É a celulose nanocristalina - ou,
como preferem alguns, nanocristais de celulose, ou ainda nanocelulose. O
material é extraído por um processamento da polpa de madeira, resultando em
cristais minúsculos - em grande quantidade, esses cristais de nanocelulose
parecem-se com neve.
A nanocelulose está provocando
furor na indústria, não apenas por suas propriedades tentadoras, mas também
porque é muito barata. A empresa japonesa Pioneer anunciou que irá utilizar os
nanocristais de celulose em sua próxima geração de telas flexíveis. A IBM
também está usando a nanocelulose para fabricar componentes de computadores. O
governo do Canadá possui um programa consistente de pesquisas na área, com uma
planta-piloto capaz de produzir uma tonelada de nanocelulose por dia,
responsável por disseminar as técnicas para as indústrias do país.
Fabricação de
nanocelulose
No último mês de Julho, foi inaugurada a primeira fábrica de
celulose nanocristalina dos EUA. Embora menor que a canadense, a iniciativa
também é de um órgão governamental, o U.S. Forest Products Laboratory. Mas por
que tanto entusiasmo com um material que pouco mais é do que uma madeira
super-triturada? Porque a nanocelulose é transparente e tem oito vezes a
resistência à tração do aço inoxidável, graças ao entrelaçamento dos cristais,
que têm o formato de agulhas.
Exemplos de aplicações dos cristais de nanocelulose. [Imagem: Moon et al./CSR/Wiley VCH] |
Os cristais de nanocelulose
conduzem eletricidade, embora, devidamente processados em larga escala, possam
resultar em bons isolantes térmicos. E, claro, sendo fruto unicamente do
processamento da madeira, o material é muito barato. "É uma versão natural
e renovável dos nanotubos de carbono, a uma fração do preço," afirma Jeff
Youngblood, da Universidade de Purdue, que chefia um dos grupos de pesquisa
mais ativos na área. Ele é um dos coordenadores científicos da fábrica
norte-americana, que deverá produzir cristais e fibrilas de nanocelulose.
Fabricação de nanocelulose
A fabricação da celulose nanocristalina começa com uma "purificação" da madeira, removendo compostos como lignina e hemicelulose. O resultado é moído para formar uma polpa, que é hidrolisada em ácido para remover impurezas, antes de ser separada e concentrada na forma de cristais. Os cristais de nanocelulose formam uma pasta espessa, que pode ser aplicada a superfícies, na forma de um laminado, ou transformado em filamentos, formando as chamadas nanofibrilas.
Fabricação de nanocelulose
A fabricação da celulose nanocristalina começa com uma "purificação" da madeira, removendo compostos como lignina e hemicelulose. O resultado é moído para formar uma polpa, que é hidrolisada em ácido para remover impurezas, antes de ser separada e concentrada na forma de cristais. Os cristais de nanocelulose formam uma pasta espessa, que pode ser aplicada a superfícies, na forma de um laminado, ou transformado em filamentos, formando as chamadas nanofibrilas.
As nanofibrilas são duras, densas
e rígidas, e podem ser prensadas em diferentes formas e tamanhos. Quando
liofilizado, o material é leve, absorvente e bom isolante térmico e acústico. A
nanocelulose vem inteiramente da madeira, mas não depende necessariamente do
corte de árvores.
Como transformar lixo em ouro
"A beleza deste material é que ele é tão abundante que não temos nem que fabricá-lo," diz Youngblood. "Nós não precisamos sequer utilizar árvores inteiras; a nanocelulose tem apenas 2 nanômetros de comprimento. Se quiséssemos, poderíamos usar ramos e galhos, ou até mesmo serragem. Estamos transformando lixo em ouro".
As estimativas indicam que a
nanocelulose, produzida industrialmente, poderá custar alguns dólares o
quilograma. Os nanotubos de carbono, por sua vez, com os quais os nanocristais
de celulose são comparados, são cotados em miligramas - no atacado, pode-se
comprá-los por US$250 o grama. A expectativa é que a nanocelulose torne
obsoletos grande parte dos plásticos, já que suas propriedades físicas permitem
que ela substitua até mesmo os metais na construção de peças de
automóveis.
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