Adelcio Machado dos Santos*
Ao se discutir a questão da educação infantil, dificilmente pensa-se
no tempo presente, mas, ao contrário, a discussão volta-se sempre para o tempo
futuro. De acordo com Meira (2002), imagina-se, por via de regra, que o fim
último da educação é o futuro. E, destarte, em favor do tempo futuro e incerto,
compromete-se a felicidade atual.
Entretanto, Meira (2002), defende que, como o desenvolvimento não finda com a fase adulta, deve-se entender que a essência e a preocupação da educação precisam estar voltadas para o momento que está sendo vivenciado. Partindo, então, da premissa de que a educação é um processo diário e durável, acredita o autor, que não se deve atribuir uma preocupação tão representativa com o futuro.
Sob esta visão, a educação infantil
não pode ser entendida tão somente como sinônimo de preparação profissional ou
garantia de um futuro promissor, que seja rentável e assegure a sobrevivência
de um determinado indivíduo (MEIRA, 2002).
Ao contrário, a educação infantil,
deve, primeiramente, propiciar a formação plena do ser humano pois, antes de
ser médico ou professor, a criança é, certamente um indivíduo. Enquanto se
permanecer com uma visão míope sobre as reais responsabilidades e
possibilidades da educação infantil, continuar-se-á enxergando sempre a posição
social e nunca o indivíduo em sua essência de ser homem.
A criança é um ser humano que possui
todas as suas potencialidades vivas, presentes; basta apenas que se permita o
seu desenvolvimento natural.
Entretanto, à medida que cresce,
configuram-se inúmeras situações que a impelem a deixar de ser espontânea,
necessitando se “adaptar” ao meio. Desta forma, neste caminhar, muitas
características naturais vão sendo esquecidas.
É possível
perceber que esse processo se agrava mais quando, por meio dos inúmeros castigos
que muitas vezes são impostos à criança, ela começa a ter medo de agir, de
mostrar o que realmente está sentindo. As barreiras vão sendo construídas no
dia-a-dia e a criança vai aprendendo o que pode e o que não pode fazer.
A criança é um ser que guarda em si um
espírito crítico e aguçado. Deste modo, o elemento primordial, segundo Meira
(2002), no processo de educação infantil, não é a ascensão social, mas o ato de
desvencilhar o homem de suas amarras, de sua “cegueira”.
Deve-se,
destarte, aprender a observar a realidade em sua essência, pois somente com
isto estar-se-á respeitando não a profissão, mas a pessoa que a exerce.
*Pós-Doutor pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC);
Especialista em Gestão Educacional, em Psicopedagogia e em Supervisão,
Orientação e Administração Escolar; Reitor da Universidade Alto Vale do Rio do
Peixe (UNIARP); Advogado (OAB/SC nº 4912), Administrador (CRA/SC nº 21.651) e
Jornalista (MTE/SC nº 4155).
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