terça-feira, 31 de julho de 2012

Educação Infantil III


Adelcio Machado dos Santos*

Ao se discutir a questão da educação infantil, dificilmente pensa-se no tempo presente, mas, ao contrário, a discussão volta-se sempre para o tempo futuro. De acordo com Meira (2002), imagina-se, por via de regra, que o fim último da educação é o futuro. E, destarte, em favor do tempo futuro e incerto, compromete-se a felicidade atual.

Entretanto, Meira (2002), defende que, como o desenvolvimento não finda com a fase adulta, deve-se entender que a essência e a preocupação da educação precisam estar voltadas para o momento que está sendo vivenciado. Partindo, então, da premissa de que a educação é um processo diário e durável, acredita o autor, que não se deve atribuir uma preocupação tão representativa com o futuro.
Sob esta visão, a educação infantil não pode ser entendida tão somente como sinônimo de preparação profissional ou garantia de um futuro promissor, que seja rentável e assegure a sobrevivência de um determinado indivíduo (MEIRA, 2002).
Ao contrário, a educação infantil, deve, primeiramente, propiciar a formação plena do ser humano pois, antes de ser médico ou professor, a criança é, certamente um indivíduo. Enquanto se permanecer com uma visão míope sobre as reais responsabilidades e possibilidades da educação infantil, continuar-se-á enxergando sempre a posição social e nunca o indivíduo em sua essência de ser homem.
A criança é um ser humano que possui todas as suas potencialidades vivas, presentes; basta apenas que se permita o seu desenvolvimento natural.
Entretanto, à medida que cresce, configuram-se inúmeras situações que a impelem a deixar de ser espontânea, necessitando se “adaptar” ao meio. Desta forma, neste caminhar, muitas características naturais vão sendo esquecidas.
                É possível perceber que esse processo se agrava mais quando, por meio dos inúmeros castigos que muitas vezes são impostos à criança, ela começa a ter medo de agir, de mostrar o que realmente está sentindo. As barreiras vão sendo construídas no dia-a-dia e a criança vai aprendendo o que pode e o que não pode fazer.
A criança é um ser que guarda em si um espírito crítico e aguçado. Deste modo, o elemento primordial, segundo Meira (2002), no processo de educação infantil, não é a ascensão social, mas o ato de desvencilhar o homem de suas amarras, de sua “cegueira”.
                Deve-se, destarte, aprender a observar a realidade em sua essência, pois somente com isto estar-se-á respeitando não a profissão, mas a pessoa que a exerce.

*Pós-Doutor pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Especialista em Gestão Educacional, em Psicopedagogia e em Supervisão, Orientação e Administração Escolar; Reitor da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (UNIARP); Advogado (OAB/SC nº 4912), Administrador (CRA/SC nº 21.651) e Jornalista (MTE/SC nº 4155).

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