quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Coluna Osni R. Mello 14 Novembro

Entrevista/Fernando Scolaro


“Sempre segui a linha do diálogo tanto na posição quanto na situação”

Assume a Câmara de Vereadores na sessão desta segunda-feira (17) o suplente de vereador Fernando Scolaro (PDT). Scolaro, que é funcionário público de carreira da prefeitura de Caçador há 26 anos, já atuou como vereador em duas legislaturas e agora substitui Vilso Soares que, na eminencia de perder o cargo e os direitos políticos, por causa de um processo de cassação por domicílio eleitoral, renunciou ao mandato.
                Técnico tributário concursado, chefe de gabinete e secretário de agricultura (em 2000) do prefeito Onélio Menta, duas vezes presidente do Instituto de Previdência dos Funcionários da Prefeitura de Caçador (IPASC) e passagem por outros cargos de diretoria. Fernando diz que está preparado para assumir a função e promete realizar um bom trabalho neste dois anos e alguns dias que completam esta legislatura.


Foi uma surpresa para você a renúncia do agora ex-vereador Vilso Soares?

Fernando Scolaro: Não foi surpresa porque a gente estava acompanhando os tramites judiciais. A justiça já tinha se manifestado no processo. Ele (Vilso Soares) até entrou com um mandato tempestivo, que a justiça negou e determinou que a última palavra do processo deveria ser do Plenário da Câmara. Os vereadores deveriam dar a última palavra, formando uma comissão sorteada entre as três maiores bancadas e comunicado que a partir do momento que fosse instaurada a comissão, caso ele fosse cassado, perderia os direitos políticos. Uma vez aberto o processo não teria como renunciar e preservar os direitos políticos. E isso para mim determinou a sua renúncia.


Qual será a linha de trabalho do vereador Fernando Scolaro?

F. Scolaro: Já fui vereador de 1993 a 2000, assumi por nove meses no mandato seguinte, e sempre segui a linha do diálogo tanto na posição quanto na situação. Para mim o legislativo deve ter muita consciência daquilo que vai decidir, sempre procurando o que é melhor para o município, tanto que votei contra alguns projetos quando era companheiro de partido do prefeito Onélio Menta porque entendia que estava errado. Indiferente de ser situação ou oposição a gente deve sempre procurar a acertar o máximo, estudar muito, ter os pés no chão, ver aquilo que é bom para o município, aquilo que vem para melhorar. Os projetos devem ser estudados e entendidos antes de você votar, pois as vezes temos projetos polêmicos como o da Casan, do IPTU.


Como o partido do PDT recebeu a renúncia do Vilso Soares?

F. Scolaro: O ex-vereador Vilso Soares já tinha comentado que deixaria o PDT para ingressar no DEM. Desta forma entendo que o PDT ganha e cresce pois vai ter dois vereadores daqui, brigando e lutando junto com a comunidade. Foi importante para o partido esta decisão pois o PDT nos últimos anos passou quase despercebido e sem muita representatividade. Na última eleição tivemos candidato a prefeito, uma boa votação e conquistamos uma bancada com dois vereadores, isso somou muito e vai proporcionar o crescimento do partido, porque temos pessoas muito boas e preocupadas com a comunidade. Por esta razão as matérias polêmicas serão levadas para discussão a nível de partido. Os companheiros que nos ajudaram a se eleger tem uma parcela do nosso mandato e devem participar. Ainda mais que o nosso partido não tem caciques, donos e muito democrático e quando assinei a ficha de filiação disse que iria preservar muito o D, do PDT, que é democracia. Os companheiros devem opinar e decidir sempre o melhor para o município.


Você se elegeu com uma base de votos da agricultura, o que vai fazer pela categoria?
   
F. Scolaro: Eu tenho uma base na agricultura e hoje no comércio, mas as minhas raízes são o campo, onde tenho muitos amigos e também uma propriedade. Digo que Caçador tem uma dívida muito grande com a agricultura, porque entrou prefeito e saiu prefeito e ela continua esquecida. A agricultura deve ter um atendimento melhor pois é muito triste você visitar um amigo, um parente e não ter um acesso, uma estrada. Nos perdemos muitos agricultores, que saíram do campo devido a condição em que se encontram. A agricultura está muito abandonada e temos que olhar com mais carinho, por que o agricultor não quer muita coisa, basta uma estrada boa, de vez em quando um veterinário, mas a prioridade é o acesso. Tenho visto muita polemica sobre estrada pública e estrada particular. Para mim estrada particular é a que vai na roça, a estrada que leva até a propriedade é o direito de ir e vir e isso não é particular e o direito do cidadão, como tem quem vive na cidade. Neste assunto há muita controvérsia, mas este é o meu entendimento e inclusive está na constituição. Infelizmente hoje as estradas estão muito ruins.


O prefeito Beto Comazzetto está mal avaliado, como o PDT vai estar na atual administração e no futuro para 2016?

F. Scolaro: Assim que assumir na Câmara vamos reunir o partido para algumas definições. Mas já posso adiantar que a gente vai apoiar o prefeito, mas tem algumas coisas que o partido não abre mão, um deles é a agricultura. Mesmo mal avaliado o PDT tem a intenção de apoiar o prefeito. Até o momento o PDT estava votando com o prefeito, mas nunca teve uma participação. O que o PDT pretende é estar junto com a administração participando, mas ser ouvido. Quero deixar bem claro que não é um espaço em cargos, a prioridade do PDT é que a administração engrene e nos próximos não sejam tomadas algumas atitudes, vai ficar difícil o apoio. Conversei com o Beto sobre o assunto e ele prometeu algumas mudanças para final deste ano o mais tardar início do próximo. Os municípios estão sobrecarregados, mas não é desculpa. Quando você entra na política, sabe o que vai encontrar. Tem que trabalhar com o que tem e trabalhar bem. Por exemplo: Eu não posso admitir que uma máquina que custa 500, 600 mil reais trabalhe meio dia. Esta máquina tem que trabalhar o dia todo, senão estou com meia máquina. Por mais que esteja ruim eu acredito numa melhora, mas a palavra final é do prefeito.


Qual a sua opinião sobre o contrato com a Casan?

Scolaro: Eu não tenho conhecimento do teor do contrato. Mas lembro que a Casan, desde o meu mandato anterior, que a Casan tinha o compromisso de fazer o esgoto de Caçador e não cumpriu. E entendo que acordo é para cumprir, senão você rompe o contrato. Se isso estava no contrato e devia ser cobrado. Agora, qualquer empresa que assuma o serviço vai ter que cumprir a sua parte, não podemos mais aceitar que alguém tenha a concessão, tenha o benefício e de o respaldo que é preciso. Não posso dizer agora se sou contra ou a favor da Casan, mas tão logo assuma a Câmara vou me inteirar do assunto, para poder tomar a melhor decisão. O que não podemos mais aceitar é que o esgoto seja jogado no rio diante dos problemas de falta de água e dos problemas ambientais que o mundo vem sofrendo. Já tinha que ter sido feito no passado. Por que temos a obrigação de passar a nossa casa, o lugar onde vivemos, melhor do que recebemos. Temos que ter a consciência que a terra é um tesouro que recebemos, como o nosso corpo, e estando aqui temos que fazer a nossa parte.


Gostaria de deixar uma mensagem para a comunidade caçadorense?

F. Scolaro: Estou feliz com a possibilidade de estar legislando novamente para o povo caçadorense e gostaria de dizer que me comprometo em me empenhar e trabalhar, por que estou ciente da minha responsabilidade. Quando você administra a tua casa o teu patrimônio é uma condição, quando se administra uma cidade a responsabilidade é muito maior pois envolve muitas pessoas. Então eu penso que tenho que me dedicar, pois apesar das pessoas afirmarem que o vereador não faz nada, temos a responsabilidade de decidir sobre questões importantes para o município e se tomarmos uma decisão errada ela vai repercutir por muitos anos. Eu me sinto preparado para este momento e acredito que vou contribuir junto com os demais vereadores, sempre primando pelo diálogo e para que a coisa funcione, sempre para o coletivo e não para o pessoal.  



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