Entrevista/Fernando
Scolaro
“Sempre segui a linha
do diálogo tanto na posição quanto na situação”
Assume a Câmara de
Vereadores na sessão desta segunda-feira (17) o suplente de vereador Fernando
Scolaro (PDT). Scolaro, que é funcionário público de carreira da prefeitura de
Caçador há 26 anos, já atuou como vereador em duas legislaturas e agora substitui
Vilso Soares que, na eminencia de perder o cargo e os direitos políticos, por
causa de um processo de cassação por domicílio eleitoral, renunciou ao mandato.
Técnico tributário concursado, chefe
de gabinete e secretário de agricultura (em 2000) do prefeito Onélio Menta,
duas vezes presidente do Instituto de Previdência dos Funcionários da
Prefeitura de Caçador (IPASC) e passagem por outros cargos de diretoria.
Fernando diz que está preparado para assumir a função e promete realizar um bom
trabalho neste dois anos e alguns dias que completam esta legislatura.
Foi uma surpresa para
você a renúncia do agora ex-vereador Vilso Soares?
Fernando Scolaro:
Não foi surpresa porque a gente estava acompanhando os tramites judiciais. A
justiça já tinha se manifestado no processo. Ele (Vilso Soares) até entrou com
um mandato tempestivo, que a justiça negou e determinou que a última palavra do
processo deveria ser do Plenário da Câmara. Os vereadores deveriam dar a última
palavra, formando uma comissão sorteada entre as três maiores bancadas e
comunicado que a partir do momento que fosse instaurada a comissão, caso ele
fosse cassado, perderia os direitos políticos. Uma vez aberto o processo não
teria como renunciar e preservar os direitos políticos. E isso para mim
determinou a sua renúncia.
Qual será a linha de
trabalho do vereador Fernando Scolaro?
F. Scolaro: Já
fui vereador de 1993 a 2000, assumi por nove meses no mandato seguinte, e
sempre segui a linha do diálogo tanto na posição quanto na situação. Para mim o
legislativo deve ter muita consciência daquilo que vai decidir, sempre
procurando o que é melhor para o município, tanto que votei contra alguns
projetos quando era companheiro de partido do prefeito Onélio Menta porque
entendia que estava errado. Indiferente de ser situação ou oposição a gente
deve sempre procurar a acertar o máximo, estudar muito, ter os pés no chão, ver
aquilo que é bom para o município, aquilo que vem para melhorar. Os projetos
devem ser estudados e entendidos antes de você votar, pois as vezes temos
projetos polêmicos como o da Casan, do IPTU.
Como o partido do PDT
recebeu a renúncia do Vilso Soares?
F. Scolaro: O
ex-vereador Vilso Soares já tinha comentado que deixaria o PDT para ingressar
no DEM. Desta forma entendo que o PDT ganha e cresce pois vai ter dois
vereadores daqui, brigando e lutando junto com a comunidade. Foi importante
para o partido esta decisão pois o PDT nos últimos anos passou quase
despercebido e sem muita representatividade. Na última eleição tivemos
candidato a prefeito, uma boa votação e conquistamos uma bancada com dois
vereadores, isso somou muito e vai proporcionar o crescimento do partido,
porque temos pessoas muito boas e preocupadas com a comunidade. Por esta razão
as matérias polêmicas serão levadas para discussão a nível de partido. Os
companheiros que nos ajudaram a se eleger tem uma parcela do nosso mandato e
devem participar. Ainda mais que o nosso partido não tem caciques, donos e
muito democrático e quando assinei a ficha de filiação disse que iria preservar
muito o D, do PDT, que é democracia. Os companheiros devem opinar e decidir
sempre o melhor para o município.
Você se elegeu com
uma base de votos da agricultura, o que vai fazer pela categoria?
F. Scolaro: Eu
tenho uma base na agricultura e hoje no comércio, mas as minhas raízes são o
campo, onde tenho muitos amigos e também uma propriedade. Digo que Caçador tem
uma dívida muito grande com a agricultura, porque entrou prefeito e saiu
prefeito e ela continua esquecida. A agricultura deve ter um atendimento melhor
pois é muito triste você visitar um amigo, um parente e não ter um acesso, uma
estrada. Nos perdemos muitos agricultores, que saíram do campo devido a
condição em que se encontram. A agricultura está muito abandonada e temos que
olhar com mais carinho, por que o agricultor não quer muita coisa, basta uma
estrada boa, de vez em quando um veterinário, mas a prioridade é o acesso.
Tenho visto muita polemica sobre estrada pública e estrada particular. Para mim
estrada particular é a que vai na roça, a estrada que leva até a propriedade é
o direito de ir e vir e isso não é particular e o direito do cidadão, como tem
quem vive na cidade. Neste assunto há muita controvérsia, mas este é o meu
entendimento e inclusive está na constituição. Infelizmente hoje as estradas
estão muito ruins.
O prefeito Beto
Comazzetto está mal avaliado, como o PDT vai estar na atual administração e no
futuro para 2016?
F. Scolaro: Assim
que assumir na Câmara vamos reunir o partido para algumas definições. Mas já
posso adiantar que a gente vai apoiar o prefeito, mas tem algumas coisas que o
partido não abre mão, um deles é a agricultura. Mesmo mal avaliado o PDT tem a
intenção de apoiar o prefeito. Até o momento o PDT estava votando com o
prefeito, mas nunca teve uma participação. O que o PDT pretende é estar junto
com a administração participando, mas ser ouvido. Quero deixar bem claro que
não é um espaço em cargos, a prioridade do PDT é que a administração engrene e
nos próximos não sejam tomadas algumas atitudes, vai ficar difícil o apoio.
Conversei com o Beto sobre o assunto e ele prometeu algumas mudanças para final
deste ano o mais tardar início do próximo. Os municípios estão sobrecarregados,
mas não é desculpa. Quando você entra na política, sabe o que vai encontrar.
Tem que trabalhar com o que tem e trabalhar bem. Por exemplo: Eu não posso
admitir que uma máquina que custa 500, 600 mil reais trabalhe meio dia. Esta
máquina tem que trabalhar o dia todo, senão estou com meia máquina. Por mais
que esteja ruim eu acredito numa melhora, mas a palavra final é do prefeito.
Qual a sua opinião
sobre o contrato com a Casan?
Scolaro: Eu não
tenho conhecimento do teor do contrato. Mas lembro que a Casan, desde o meu
mandato anterior, que a Casan tinha o compromisso de fazer o esgoto de Caçador
e não cumpriu. E entendo que acordo é para cumprir, senão você rompe o
contrato. Se isso estava no contrato e devia ser cobrado. Agora, qualquer empresa
que assuma o serviço vai ter que cumprir a sua parte, não podemos mais aceitar
que alguém tenha a concessão, tenha o benefício e de o respaldo que é preciso. Não
posso dizer agora se sou contra ou a favor da Casan, mas tão logo assuma a Câmara
vou me inteirar do assunto, para poder tomar a melhor decisão. O que não podemos
mais aceitar é que o esgoto seja jogado no rio diante dos problemas de falta de
água e dos problemas ambientais que o mundo vem sofrendo. Já tinha que ter sido
feito no passado. Por que temos a obrigação de passar a nossa casa, o lugar
onde vivemos, melhor do que recebemos. Temos que ter a consciência que a terra
é um tesouro que recebemos, como o nosso corpo, e estando aqui temos que fazer
a nossa parte.
Gostaria de deixar
uma mensagem para a comunidade caçadorense?
F. Scolaro: Estou
feliz com a possibilidade de estar legislando novamente para o povo caçadorense
e gostaria de dizer que me comprometo em me empenhar e trabalhar, por que estou
ciente da minha responsabilidade. Quando você administra a tua casa o teu
patrimônio é uma condição, quando se administra uma cidade a responsabilidade é
muito maior pois envolve muitas pessoas. Então eu penso que tenho que me
dedicar, pois apesar das pessoas afirmarem que o vereador não faz nada, temos a
responsabilidade de decidir sobre questões importantes para o município e se
tomarmos uma decisão errada ela vai repercutir por muitos anos. Eu me sinto
preparado para este momento e acredito que vou contribuir junto com os demais
vereadores, sempre primando pelo diálogo e para que a coisa funcione, sempre
para o coletivo e não para o pessoal.
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