Osni Ribeiro Mello*
Desde a descoberta do fogo, quando o homem fixou, ainda que
por pouco tempo, residência e passou a conviver em grupo, houve a necessidade
de se organizar e neste caso criar a célula mais primordial da convivência
humana, depois da família, as tribos. Passados alguns milhões de anos a
sociedade ainda apresenta traços das antigas tribos, mas ao longo da história foram
substituídas pelas instituições. Hoje temos desde simples associações
congregando pessoas que praticam o mesmo esporte ou hobby, até organismos
complexos como a Organização das Nações Unidas (ONU), que reúne a maioria dos
países do mundo.
Digo tudo isso para lembrar que
na polêmica da Unificação, ou não, da Universidade do Contestado (UnC) algumas
pessoas parecem ter esquecido que a instituição maior do nosso ensino é,
primitivamente falando, uma tribo com diversas regras e regimes. E, se não
fosse assim, não existiria com certeza. Ou alguém se arrisca a afirmar que, uma
instituição deste tamanho e importância, sobreviveria aos anos e aos interesses
de toda uma comunidade se não fosse organizada para atender aos seus anseios.
Neste momento as minorias,
aquelas cuja opinião acabou fora do processo, dirão que a instituição tem
falhas, que não estão representados e blá, blá, blá... No que concordo
plenamente. Deveriam ter se inteirado do assunto, realizado fóruns, seminários,
discussões, palestras, plebiscito, eleições, o que fosse necessário, e
apresentado suas propostas. Tudo para que na última hora, a decisão não se tornasse
um embate dos “contra” e dos “a favor”, do bem e do mal, do capital contra a
ciência.
A história mostra que é nos
momentos de dificuldade que se constroem as melhores soluções. Neste caso, com
o tempo desperdiçado na guerra de opiniões, podemos estar perdendo uma grande
oportunidade. A sociedade caçadorense pode estar desperdiçando a oportunidade
de criar uma solução que atenda as particularidades da nossa cultura. Talento e
disposição para isso garanto que temos, pois é recente a notícia que Caçador foi
a segunda do Sul do Brasil na aprovação de projetos de empresas inovadoras, no
Programa Primeira Empresa (PRIME).
Para os que apóiam a unificação,
por que ela não vai apresentar retrocesso diria que é o caminho mais fácil, mas
um caminho sem volta, pois a construção das regras, estas de que reclamamos,
será decidida pela maioria de um grupo onde somos minoria. Para os que apóiam a
independência, me rendo a coragem. É muito fácil escolher uma opção confortável
para não ter que alterar o “status quo” e muito difícil quebrar paradigmas. Mas
uma instituição onde são formados os técnicos, bacharéis, mestres, os líderes
do nosso futuro não pode se furtar de um desafio desses, sob pena de ser
cobrada no futuro.
Por isso, independente do tipo de
instituição que temos e da decisão que será tomada amanhã (6), é importante
lembrar que a custa de muita dedicação e trabalho de pioneiros com Dom Orlando
Dotti, temos uma instituição. Do contrário nem estaria escrevendo este artigo. E
como temos uma instituição ela tem regras, normas, códigos que devem ser
seguidos. Um deles é que a decisão sobre os destino da UnC-Caçador é da
Assembleia Geral, composta por 117 membros da sociedade e ponto final.
Este artigo foi publicado originalmente no jornal Folha da Cidade, por ocasião do processo de independência da UnC de Caçador, hoje Uniarp.
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