quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Artigo


Atualização de Status
Por Alexandre Cachoeira Casaldáliga*
              Passei meu ensino médio inteiro fazendo redações na disciplina de produção de texto tendo por base textos da revista Veja... Hoje, após quatro pesados anos de divergência intelectual, porradas, livros e rompimento de paradigmas, percebo em alguns de meus colegas, bem como na maior parte do povo, como
aquilo fez mal... Como a educação é tendenciosamente arquitetada pra nos ensinar a engolir tudo sem pensar, sem pesquisar, sem correr atrás do fato real, do resquício histórico... Claro que eu sou um mero professor de história, enquanto muitos jovens hoje estão querendo ser médicos, engenheiros, economistas de sucesso, administradores... E dentre estes, muitos se deixam levar pela promessa da riqueza. E eles vão ficar ricos mesmo... Vão desfrutar de tudo o que sonhara, e vão olhar pra trás e dizer que eu deveria ter feito o mesmo...

             Mas sei que todos nós teremos o que outrora almejamos. Eu sabia o que teria se seguisse esse caminho. Estou realizado pessoalmente. Mas fico triste por ver que ainda muita gente, que são pessoas ótimas, de uma inteligência enorme, acabam sendo tão facilmente dominadas por uma ideologia que aprisiona. Vivem em uma realidade doce, embalada pela reclamação midiática, assimilada e repetida, como que hipnoticamente, pela maioria do povo.

             Sinto nesse momento uma crise de trabalho. De identidade. Como promover a libertação, se hoje as pessoas buscam a prisão? O clima está tão tenso que não sei qual será o próximo passo. Não sei o que vem depois. E se nós perdermos, se nos deixarmos levar por essa onda de "crer sem ver" sem constatar, sem estudar, não vai haver retorno, ou haverá, por meios cruéis. Fica um apelo, não deixe isso acontecer.... Liberte-se. Informação não é conhecimento! Apenas o conhecimento pode nos fazer compreender a realidade, interpretar notícias, saber o que é verdade ou mentira. Mas a maioria do povo está parando na informação... O mundo não termina quando acaba o jornal... Ele vai além... Estamos cheios de gente que não tem conhecimento de caso, domínio de fato, querendo reclamar, falar, ter sua voz ouvida, gente que daqui a pouco, daqui a poucos anos, estarão ocupando o poder no país, no estado e no município. Aí já vai ser tarde. Aí ver ser difícil voltar. Aí o poder já não estará em nossas mãos. E reavê-lo custará caro... A história já nos mostrou quando custa uma mudança... O sabor de uma revolução e a cor do sangue, que é a mesma cor da utopia, derramado pelas ruas.

             Se for assim, se perdermos hoje, lutaremos amanhã. Mas não vamos entregar nosso coração dessa maneira aos punhais de nossos algozes. Foram 500 anos de opressão e abusos.

             Esse desabafo é um apelo. Passemos a refletir dobre o que lemos, assistimos, ouvimos... Mas de pouco vai adiantar tentar refletir sem subsídio. Busquemos o conhecimento e libertos seremos.
* Jovem e radialista

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